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Sexta, 01 Novembro 2024 03:43

Substituição de combustíveis fósseis até 2050 é irrealista, afirma especialista

Marcellus Louroza Marcellus Louroza

A substituição de combustíveis fósseis por energia livre de carbono até 2050, no intuito de frear o aquecimento global, não é um compromisso viável aos sistemas energéticos de vários países, disse o consultor do mercado de energia europeu Marcellus Louroza. Durante o evento Clima e Antropoceno, promovido pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) nesta terça-feira (29/10), ele afirmou que o objetivo não poderá ser alcançado através da ruptura abrupta com o sistema convencional. “A desativação de usinas de energia movidas a combustíveis fósseis sem alternativas adequadas, confiáveis e acessíveis diminuirá a segurança de fornecimento de energia durante os picos de demanda elétrica”, explicou.

Juliana Speranza

No encontro, a transição energética também foi abordada sob o olhar do cenário brasileiro. A gerente de responsabilidade social corporativa da Neoenergia, Juliana Speranza, destacou que o País tem condições ambientais e climáticas favoráveis à ampliação de hidrelétricas e parques eólicos – o que também representa um potencial de competitividade: “Quando os produtos brasileiros produzidos com energia limpa chegarem ao mercado internacional, onde o preço do carbono será taxado, eles darão ao País a oportunidade de ser protagonista”. 

Alessandro Panasolo

O uso de créditos de carbono como outra importante ferramenta para a diminuição da poluição foi tema da palestra do fundador da Vankka Carbon, Alessandro Panasolo. Ele apontou que esse sistema representa a redução de CO₂ na atmosfera, permitindo que as empresas compensem suas emissões financiando projetos sustentáveis. Porém, Panasolo destacou a ausência de regulação sobre créditos de carbono na legislação nacional: “No Brasil, aqueles que plantam e conservam a floresta nativa não têm a oportunidade de gerar nenhum tipo de ativo econômico por esse serviço”. 

Da esq. para a dir., Thales de Miranda, Raquel Rangel, Bernardo Gicquel, Guilherme Sant'Anna e Adriana Amaral dos Santos

Ele afirmou que o País, enquanto player global quando o assunto é transição energética, não pode deixar de incentivar iniciativas sustentáveis como essa. “Políticas com esse objetivo já existem em países como Zimbábue e Tanzânia, por exemplo”, completou.

Ana Amélia Menna Barreto

A abertura do webinar foi realizada pela 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amélia Menna Barreto, que parabenizou a iniciativa da Comissão para o Pacto Global e Estudos sobre a Agenda 2030/ONU pela realização do encontro. Presidente do grupo, Valéria Sant’Anna sublinhou a necessidade de se discutirem mudanças na governança global, um das prioridades da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): “Precisamos caminhar no sentido da governança global, respeitando valores como empatia e cooperação e tendo a solidariedade como caminho para a obtenção de consenso”. 

Valéria Sant'Anna

Em vídeo transmitido no plenário histórico do IAB, a embaixadora de Gana no Brasil, Abena Busia, saudou os presentes e ressaltou a importância de encontros como o G20 e a COP30, que terão suas próximas edições no Rio de Janeiro (RJ) e em Belém (PA), respectivamente. “Todas essas conversações estão profundamente interligadas e não podem ser separadas da necessidade de criar em todo o mundo sociedades dedicadas ao bem-estar comunitário através de mecanismos para a criação de uma nova ordem econômica”, afirmou ela.

Abena Busia

O evento teve mediação do presidente da Comissão de Energia e Transição Energética do IAB, Bernardo Gicquel, e do líder do grupo Wake up Call (Wuca), Guilherme de Souza Sant’Anna. Também estiveram presentes o professor aposentado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Sérgio de Andrea e os líderes acadêmicos do grupo Justice, Welfare and Economics Adriana Amaral dos Santos, Marcelo Vieira, Márcio Francisco Campos, Margaret Bravo Marques, Raquel dos Santos Rangel, Larissa Campos, Tamima de Souza  e Thales de Miranda.

Sérgio de Andrea

Homenagens – O debate também teve espaço para o reconhecimento do trabalho da advogada Maria Lúcia Gyrão, que presidiu a Comissão de Filosofia do Direito do IAB, e do juiz federal Luis Eduardo Bianchi Cerqueira – ambos faleceram neste ano. Na ocasião, Sérgio de Andrea, que foi professor de Gyrão, exaltou o empenho da advogada em promover a difusão do conhecimento jurídico: “Ela teve a iniciativa de realização de significativos eventos, nos quais com brilhantismo palestrou sobre eminentes filósofos de cultas lições”. 

Já os esforços de Cerqueira foram lembrados por Guilherme Sant’Anna, que destacou a importância da produção acadêmica do juiz. Dentre a produção de Luis Eduardo Cerqueira está o livro Ordem jurídica internacional & internacionalização do capital, que dá enfoque à noção de Estado e ao fenômeno da soberania.

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