Contudo, assim como nos tempos sombrios da ditadura militar, os agentes da segurança pública, de forma inaceitável, recorreram ao uso desproporcional da força para dispersar os manifestantes com gás de pimenta, persegui-los pelas ruas do Centro com balas de borracha e desfazer o movimento com bombas de gás lacrimogêneo, fulminando o direito constitucional à liberdade de expressão.
A cidade se viu conflagrada. As forças policiais, em atitude inteiramente desarrazoada e desproporcional, a transformaram numa praça de guerra. Não havia nada que justificasse a ação desordeira e violenta dos policiais, que agiram como meliantes, jogando bombas na Avenida Rio Branco, prejudicando o comércio, atingindo um número incalculável de pessoas. Muitas delas nem estavam protestando e só queriam liberdade para caminhar nas ruas e cumprir os seus afazeres de trabalho.
Não havia nada que justificasse essa ação desordeira e violenta da polícia, que deu uma verdadeira demonstração de como não se deve agir na segurança pública. Parece que falta comando e que os policiais não estão até hoje acostumados a conviver com o legítimo protesto contra os atos praticados pelo governo.
O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) considera que a ação desmedida das forças de segurança, que incitou reações violentas igualmente inadmissíveis por parte dos manifestantes, decorreu da falta de governo, de autoridade e de respeito à lei e à ordem que impera no Estado do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 2017.
TÉCIO LINS E SILVA
Presidente nacional do IAB