Excelentíssimo Senhor Presidente da Comissão de Filosofia do Instituto dos Advogados Brasileiros.
Caros confrades
Permitam-me Vx. as. trazer umas tantas indagações que me inquietam sobre o século que se inicia tão pleno de revoluções, velocidade e ao mesmo tempo imprevisibilidade.
O espírito de nosso tempo concretiza-se num materialismo inédito, virtual a tempo real, multiespacial e regido por uma lógica matemática.
A síntese destes elementos gera a dominação do econômico sob a forma de mercado.
O século passado foi caracterizado pela violência de duas sangrentas guerras mundiais, a presença da ciência engendrando as técnicas de destruição total atômica, mas isto sob um fundo ideológico, político.
O atual marca-se pelo virtual, onde as operações econômicas em seu ramo financeiro predominam na irracionalidade e imprevisibilidade do mercado, e por sua característica global, mas fragmentária fragmenta também o poder.
Com a divisão do poder e a lógica econômica do mercado dilui-se a autoridade base da política instrumento de organizar o social.
Assim, a visão econômica prevalecente e baseada na lógica matemática que domina o pensamento deste inicio de século é perigosa porque não é capaz de retratar o universo social em sua plenitude já que tem bases cientificas e o conhecimento científico é sempre fragmentário explica o "isto" particular, mas não o "todo" universal.
O pensamento econômico é fragmentário, o político global.
Senhor Presidente ao trazer estas minhas perplexidades face ao espírito do tempo presente acredito que elas não sejam só minhas, mas que participem das dúvidas gerais de como pensar o contemporâneo na sua complexidade e extensão.
Agradeço senhores a atenção e a paciência com que ouviram.
Jose Alfredo Ratton
15.9.19
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