Dando início às homenagens do dia, a vice-presidente da Abac, Célia Domingues, enviou um depoimento ressaltando a trajetória de luta de Milton Cunha. “Falo em nome de toda a equipe da nossa Academia, dos diretores aos colaboradores, que veem em você uma pessoa transformadora que dá oportunidades através da sua história e da sua fé na inclusão”, enfatizou. Em agradecimento, o carnavalesco reafirmou o orgulho em enfrentar o preconceito. “Essa é uma grande homenagem aos ‘esquisitos’ que se acham no direito de realizar seus próprios sonhos e empreender um futuro melhor”, disse ele.
Da esq. para a dir., Nélio Georgini e Milton Cunha
A presidente nacional do IAB, Rita Cortez, fez a abertura do evento e destacou que a entidade está na vanguarda do Direito desde sua fundação, em 1843. Ao longo desses quase dois séculos, disse a advogada, o Instituto tem estado de portas abertas para debates progressistas que envolvam a garantia dos direitos fundamentais. “O IAB tem a tradição de fazer atividades que promovam a inclusão”, completou.
A mesa de abertura do encontro também contou com a presença do presidente da Comissão da Diversidade, Nélio Georgini, da diretora adjunta 3 da Diretoria da Defesa da Diversidade da OAB/RJ, Márcia Fernandes, do juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) André Brito e do secretário-geral da OAB/RJ, Marcos Luiz Oliveira de Souza, que deram as boas-vindas aos presentes.
Durante a condução da cerimônia, Nélio Georgini ressaltou a importância de agregar e manter unidos aqueles que ativamente lutam em todos os espaços institucionais pelas conquistas da população LGBTQIA+: “Não somos obrigados a gostar das pessoas, mas temos que respeitar. Principalmente celebrar quem está lutando pelos nossos direitos”.
O evento teve ainda a presença de juristas, ativistas e autoridades, dentre elas o juiz de Direito Eric Scapim, o inspetor da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) Paulo Aieta, o juiz federal e assessor da presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Marcel Corrêa, do jornalista Fábio Ramalho, da diretora adjunta 2 da Diretoria da Defesa da Diversidade da OAB/RJ, Bruna Lugatov, da vice-presidente e da consultora da Comissão da Diversidade, Deborah Prates e Maria Eduarda Aguiar, respectivamente, da presidente da Comissão de Direito Eleitoral, Vânia Aieta, da procuradora de justiça e coordenadora do Núcleo de Apoio à Vítima (NAV), Patrícia Carvão, da defensora pública Fernanda Lima, do advogado Thiago Veras, do secretário-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), Francisco Budal, e da 2º e da 3ª diretoras-adjuntas de Defesa da Diversidade da OAB/RJ, Bruna Lugato e Marcia Fernandes, respectivamente.
A realização do encontro foi parabenizada pela deputada estadual do Rio Tia Ju, que enviou um vídeo transmitido no plenário do IAB. “É muito importante lutar pelos direitos fundamentais de todos os indivíduos e temos que trabalhar por isso dentro e fora do Estado do Rio”, sublinhou ela.
Da esq. para a dir., Nélio Georgini, Vânia Aieta e Paulo Aieta
Os homenageados no encontro foram saudados por convidados que destacaram o ativismo presente em suas trajetórias profissionais. Ao falar sobre o trabalho do irmão Paulo Aieta, a advogada Vânia Aieta ressaltou a importância de lutar institucionalmente pela igualdade: “Não podemos permitir retrocessos civilizatórios. Pessoas como nós têm o dever de não descansar na vigilância”.
Da esq. para a dir., Eric Scapim, Bruna Lugato e Nélio Georgini
Já Eric Scapim foi saudado por Bruna Lugato, que o definiu como uma referência dentro do Judiciário. “Esse reconhecimento não é só pelos títulos que ele tem, mas também pela figura humana tão sensível”, disse a advogada. O discurso de agradecimento do juiz deu destaque à necessidade de trabalhar com propósito. “Estamos construindo um caminho melhor aos pouquinhos. O Direito é uma construção, ele não nasce”, enfatizou.
Da esq. para a dir., Gustavo Colli, Marcel Corrêa, Nélio Georgini e Adriano Fonseca
O secretário-geral da Diretoria da Defesa da Diversidade da OAB/RJ, Gustavo Colli, fez a saudação de homenagem a Marcel Corrêa e elogiou a coragem, a sensibilidade e compromisso com uma Justiça plural: “Sua atuação vai muito além do simbolismo, ele se destaca pelo combate à LGBTQIAP+fobia em âmbito institucional”. Ao falar do trabalho do Judiciário na luta contra o preconceito, Marcel Corrêa garantiu que a justiça está buscando aprimorar seus mecanismos. “Vamos nos apropriar da nossa história e do que podemos fazer para celebrá-la. É um trabalho que fala de dor, mas também envolve afetos”, concluiu.
Da esq. para a dir., Fábio Ramalho, João Paulo, James Walker, Nélio Georgini e Marcia Fernandes
Fábio Ramalho e seu companheiro João Paulo foram saudados por Marcia Fernandes. Ela falou do companheirismo do relacionamento dos dois, que têm 25 anos de diferença de idade. O jornalista e o estudante de cinema, segundo a advogada, representam “o amor que transborda leveza em cada gesto”. Eles também foram homenageados pelo presidente da Comissão de Compliance e Governança do IAB, James Walker. “Vocês presentes aqui demonstram como valorizamos a diversidade e as individualidades de cada um”, afirmou.
“Muitos morreram, apanharam e lutaram para que estivéssemos aqui”, lembrou Fábio Ramalho em seu discurso. Nele, o jornalista celebrou as conquistas alcançadas pela comunidade LGBTQIAP+ nas últimas décadas, sobretudo a liberdade de assumir publicamente suas subjetividades.
Da esq. para a dir., Francisco Budal, Luiz Elesbão Maciel e Nélio Georgini
O advogado Luiz Elesbão Maciel elogiou a dedicação de Francisco Budal no trabalho de inspirar a comunidade jurídica a ser mais tolerante e humana. “Suas provocações sempre ressoam como sabedoria, marcadas por uma ética que vai além das paixões”, ressaltou. Parafraseando a escritora francesa Simone de Beauvoir, Budal afirmou em seu discurso que ninguém nasce homem , mulher, heterossexual ou LGBTQIAP+: “Todos nascemos como seres humanos. A grande questão da vida é nos tornarmos quem somos em um cenário em que deve ser possível ser livre”.
Da esq. para a dir., Patrícia Carvão, Fabiana Netto e Nélio Georgini
A coordenadora de Diversidade Religiosa e Espiritualidade da Diretoria de Defesa da Diversidade da OAB/RJ, Fabiana Netto, falou do trabalho exercido por Patrícia Carvão no Ministério Público em prol dos grupos mais vulneráveis. “Essa homenagem é uma condecoração a uma mulher essencial à sociedade, de fibra e determinada”, exaltou. O amor no exercício da profissão ganhou destaque na fala da procuradora, que reafirmou a importância de acolher o diferente: “A construção da nossa subjetividade é uma coisa peculiar e não cabe a ninguém julgar o outro”.
Da esq. para a dir., Fernanda Lima, Natalia Lacerda e Nélio Georgini
Fernanda Lima foi saudada pela coordenadora de Direitos das Pessoas Trans e Travestis da Diretoria de Defesa da Diversidade da OAB/RJ, Natalia Lacerda, que destacou a humildade e a inteligência da defensora. “Apesar da imagem angelical, ela tem uma força surpreendente. É uma inspiração”, disse Lacerda. Com uma vida baseada na luta pelos direitos humanos, a defensora contou que sua evolução pessoal se dá através desse trabalho: “Me transformou e me transforma todos os dias”.
Nélio Georgini e Deborah Prates
O evento foi encerrado com falas de Deborah Prates e Maria Eduarda Aguiar, cujos discursos reafirmaram a importância da luta pela igualdade defendida durante o evento. “A nossa única saída é parar de olhar para as coisas com individualidade e começar a pensar no ‘nós’. Somos um”, sublinhou a advogada. Viver com leveza, nas palavras de Maria Eduarda Aguiar, é buscar a diversidade. “Viva a todos os operadores do Direito LGBTQIAP+ que fazem a nossa sociedade ser um lugar melhor”, concluiu.
Maria Eduarda Aguiar