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Quarta, 23 Novembro 2022 22:09

Personalidades negras que lutam pelo fim do racismo são homenageadas no IAB

Da esq. para a dir., Sydney Sanches, Flávia Oliveira e Edmée da Conceição Cardoso Da esq. para a dir., Sydney Sanches, Flávia Oliveira e Edmée da Conceição Cardoso

A inclusão racial e a luta por direitos iguais foram celebradas no Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), nesta quarta-feira (23/11). Medalhas de honra do Instituto foram entregues a personalidades que atuam pela garantia da igualdade de direitos e do Estado democrático. A Medalha Esperança Garcia, que é destinada a mulheres com reconhecida trajetória na defesa dos direitos humanos, da equidade de gênero e raça e do respeito à diversidade, foi concedida à jornalista Flávia Oliveira, à pedagoga Helena Theodoro e à deputada estadual Tia Ju (PRB). A Medalha Luiz Gama, oferecida a personalidades que lutam pelo Direito, pela democracia, pela liberdade e pelo Estado Democrático de Direito, foi entregue ao defensor público Nilson Bruno, aos advogados Sergio Luís Abreu e Luiz Fernando Martins da Silva e ao ator Haroldo Costa. 

Na abertura da cerimônia, o presidente nacional do IAB, Sydney Sanches, lembrou que o IAB sempre esteve na vanguarda do Direito, lutando pela igualdade social plena. “O Instituto participou de todas as grandes Constituições, envolvendo a construção do Estado brasileiro. Acompanhamos o aprimoramento da advocacia e a defesa das nossas institucionalidades constitucionais, da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito ao longo de todos esses 179 anos”. Na composição da mesa, estiveram presentes a diretora secretária de Diversidade e Representação Racial do IAB, Edmée da Conceição Cardoso; o secretário-geral do Instituto, Jorge Rubem Folena; o presidente da Comissão de Igualdade Racial, Humberto Adami, além dos homenageados. Também participaram do evento a ex-presidente do IAB Rita Cortez; o orador oficial do Instituto, Sergio Tostes; o diretor de Eventos, Nélio Georgini; a diretora de Comunicação, Carmela Grüne; o presidente da Comissão de Direito Constitucional, Sérgio Sant’Anna, e a secretária-adjunta da OAB/RJ, Mônica Alexandre Santos. 

A primeira Medalha Esperança Garcia foi entregue à jornalista Flávia Oliveira, comentarista da Globonews e articulista do jornal O Globo, que, assim como afirmou o presidente do IAB, tem uma vida dedicada ao combate às discriminações de gênero e raça. A homenageada comparou a honraria a uma recompensa dentro do cenário de cicatrizes deixadas pelas lutas do último ano. “A democracia brasileira é incompleta, é verdade, nunca foi plena, nunca foi para todos nós, pessoas negras, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência. Essa democracia, que nunca foi completa, correu muito risco e ainda corre. Foi ameaçada e ainda é”, afirmou. Na avaliação da jornalista, a cerimônia foi uma prova de que a batalha na linha de frente valeu a pena.

Sydney Sanches, deputada Tia Ju e Edmée da Conceição Cardoso

Agraciada com a mesma honraria, a deputada Tia Ju lembrou de outras grandes mulheres negras que ajudaram a consolidar as lutas democráticas. Esperança Garcia, que dá nome à medalha, Marielle Franco, Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus foram citadas. A parlamentar disse estar honrada por receber uma homenagem em uma Casa que há 179 anos se constitui como pilar da liberdade. “Como mulher negra, nordestina da Bahia, primeira filha da família a concluir um curso de nível superior, muito me orgulha ser homenageada com a Medalha Esperança Garcia neste mês simbólico, que é o mês da consciência negra”, afirmou. 

Sydney Sanches, Helena Theodoro e Edmée da Conceição Cardoso

A memória da advogada que nomeia a medalha também foi lembrada por Helena Theodoro, que afirmou que as mulheres negras são protagonistas na tradição que lhes atribui o papel de "costela de Adão", isto é, coadjuvantes. “Me sinto gratificada e absolutamente recompensada por todo o esforço, por todo o trabalho, por ter ajudado na Constituição de 1988, por ter lutado pelos direitos da mulher e por ter participado efetivamente da construção de um novo Brasil, que juntos temos que defender, para que se mantenha e que seja realmente um país democrático“.

Haroldo Costa, Sydney Sanches e Edmée da Conceição Cardoso

Haroldo Costa, agraciado com a Medalha Luiz Gama, lembrou, em seu discurso, de personalidades negras, como o escritor Lima Barreto. O trabalho desses brasileiros, segundo o ator, muitas vezes não ganha o merecido reconhecimento popular. “Citando o mestre Sérgio Tostes: a história está sendo recomeçada, está sendo recontada. E o curioso – para não dizer irônico – quem está contando é quem mais sofreu com ela”, afirmou. 

Sydney Sanches, Luiz Fernando Martins e Nélio Georgini

Ao receber a mesma honraria das mãos de Nélio Georgini, o advogado Luiz Fernando Martins afirmou estar orgulhoso do reconhecimento pela atuação em prol do combate ao racismo e, em especial, à discriminação religiosa. “A discriminação praticada contra as religiões de matriz africana é um tema muito pouco divulgado, porque nós convivemos com o mito de que somos um democracia racial, religiosa e política. São mitos que a nossa militância tem conseguido fazer superar cada vez mais”, disse o professor.

Sergio Tostes, Nilson Bruno, Sydney Sanches e Edmée da Conceição Cardoso

No ponto de vista de Nilson Bruno, a homenagem que leva o nome de Luiz Gama faz o agraciado se sentir como um herói recebendo uma capa. Condecorado por Sergio Tostes, o defensor público agradeceu o reconhecimento e lembrou da importância de inspirar a juventude negra: “Muitas vezes temos que demonstrar que não somos iguais, para que nossos iguais possam ver que é possível alcançar postos de destaque. É possível vencer as barreiras e as amarras do racismo e do preconceito. É possível, mas sabemos que é extremamente difícil. Com a irmandade, com o auxílio mútuo, conseguiremos reduzir as desigualdades no nosso País”.

Sérgio Sant'Anna, Sergio Luís Abreu, Sydney Sanches e Edmée da Conceição Cardoso

Durante o discurso de agradecimento à homenagem, que foi entregue por Sérgio Sant’Anna, Sergio Luís Abreu afirmou que um projeto de democracia deve incorporar a superação das desigualdades, para não se tornar uma proclamação de direitos sem efetividade. “Hoje o povo negro ainda não se encontra livre para exercer sua cidadania em moldes de civilidade”, afirmou. Para o advogado, “a Medalha Luiz Gama é um compromisso que o agraciado terá com a luta pelo fim do racismo”. 

Humberto Adami

No mês de celebração da consciência negra, Humberto Adami afirmou que o evento faz parte de um novo movimento do Instituto, onde outras vozes, além das brancas, são ouvidas. “A reparação da escravidão é o tema mais importante do Brasil do momento, seja da direita ou da esquerda. Nós temos que falar disso todos os dias porque essa é a verdadeira história que precisa ser trazida”. Assim como afirmou Sergio Tostes, o embranquecimento da população brasileira, instituído como projeto no século XX, foi parte do histórico racista que afastou os negros das instituições do Direito. “A classe acabou sendo composta por imigrantes que assumiram posições de comando e as grandes fortunas foram para as mãos deles, todos brancos. Mas, hoje, o reconhecimento do trabalho do negro está sendo feito“, disse.

Sergio Tostes

Edmée Cardoso lembrou que a luta pelo fim do racismo ainda conta com obstáculos cotidianos. De acordo com a advogada, a atuação dos homenageados contribui para o combate das desigualdades atuais. “Todos os homenageados são herdeiros legítimos do legado de Esperança Garcia e Luiz Gama, eles fizeram as suas trajetórias em uma pavimentação para gerações futuras que não se curvam à opressão e ao aviltamentos de suas dignidades enquanto sujeitas de direitos humanos”. Rita Cortez também afirmou que a cerimônia faz parte dos esforços do Instituto para dar visibilidade a mulheres e homens negros. ”Os nomes das medalhas não representam só heróis e heroínas no mês da consciência negra, eles também traduzem o espírito de uma advocacia que compreende a importância dessa luta e das conquistas de igualdade e defesa da democracia para a nossa sociedade”, afirmou.

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