Da esq. para a dir., Katia Rubinstein Tavares, Sydney Limeira Sanches e Bernardo Cabral
Na abertura do evento, o presidente nacional do IAB, Sydney Limeira Sanches, também anunciou que a publicação traz o inédito selo Edições Montezuma. Ele destacou que o lançamento é mais uma das comemorações pelo aniversário da entidade e marca o desejo da diretoria de resgatar a memória do Instituto e empreender novas iniciativas para o futuro. “A revista é um trabalho lindo, cuidadoso e com muitas peculiaridades envolvendo a história do IAB. Ela celebra um novo momento e o lançamento da divisão editorial. É a primeira publicação do IAB que sai com o selo Edições Montezuma. Esse lindo selo irá contribuir para organizar o nosso novo desafio”, contou Sanches.
Katia Rubinstein Tavares
A revista foi organizada e apresentada pela diretora de Publicações do IAB, Katia Rubinstein Tavares. Segundo ela, a edição especial está dividida em três partes, sendo a primeira delas dedicada à história de vida de Montezuma e sua importância para a política e para o Direito. Já a segunda parte, disse a diretora, é chamada de Retratos da Medalha Teixeira de Freitas e traz o registro da entrega da comenda ao advogado Sérgio Bermudes, que aconteceu em agosto do ano passado, mês de aniversário do IAB. “Na última parte da revista, publicamos 30 artigos jurídicos sobre temas inéditos de repercussão em várias áreas do Direito, especialmente aquelas que são consideradas como ‘os novos direitos’, tais como as provas digitais e a inteligência artificial”, explicou Tavares.
O lançamento contou com a participação dos diretores Cultural e da ESIAB, Leila Pose; de Eventos, Nélio Georgini; de Comunicação, Carmela Grüne; de Diversidade e Representação Racial, Edmée da Conceição Cardoso; e acadêmico da ESIAB, Vitor Sardas; do sócio benemérito do IAB e relator da Constituinte Bernardo Cabral; da professora titular da Universidade Federal Fluminense (UFF) Gizlene Nader e do pesquisador sênior da mesma instituição Gisálio Cerqueira Filho. No evento também esteve a presidente do Quilombo Pedra Bonita (que foi fundado em terras que pertenciam a Montezuma), Eulália Ferreira.
Leila Pose destacou que o lançamento marca um importante passo para a publicação, que deixa de ser apenas digital e passa a ter versão física. Ela elogiou a condução feita por Katia Tavares e ressaltou que opiniões e visões dos consócios foram consideradas para que a revista alcançasse uma alta qualidade. “Assim é o nosso trabalho coletivo, que perpetua a qualidade dos serviços oferecidos pelo IAB à sociedade brasileira. É isso que fazemos: entregamos um trabalho de aperfeiçoamento jurídico, além de tantas outras atividades”, afirmou a diretora da ESIAB.
Na visão de Vitor Sardas, a revista também traz a oportunidade de registrar o conteúdo dos eventos promovidos pelo Instituto: “Fizemos uma averiguação e constatamos que no ano passado realizamos mais de 150 eventos. Eles são muito importantes porque o princípio do IAB é a difusão de conhecimento jurídico. Então, a conversão da palavra falada em palavra escrita será mais uma forma de conseguirmos perpetuar nosso conhecimento”. Já Nélio Georgini sublinhou que a publicação é mais uma forma de a Casa de Montezuma contribuir com o pensamento jurídico nacional. “Essa revista mostra que o IAB está entregando o que tem de melhor para a sociedade, que é o seu compromisso intelectual”, disse o advogado.
Nélio Georgini e Edmée da Conceição Cardoso
De acordo com Carmela Grüne, a publicação também traz outros aspectos importantes que contribuem com a formação dos profissionais do Direito, como “a identificação dos padrões históricos de injustiça e a nossa reflexão sobre a criação de um sistema de justiça mais justo e equitativo, além da nossa crítica vigilante às práticas que desvirtuam as finalidades que foram delegadas para nós pelos constituintes”. Em sua fala, Edmée da Conceição Cardoso, primeira diretora negra do IAB, não deixou de destacar que a revista traz vozes diversas, como é característico das iniciativas encabeçadas pela entidade.
Carmela Grüne
Raízes históricas – O evento também contou com a palestra Francisco Gê Acaiaba de Montezuma e a criação do IAB, conduzida por Gizlene Nader e Bernardo Cabral. Chamando o fundador do IAB de um “moderno conservador”, a pesquisadora pontuou que a trajetória de Montezuma é cheia de contradições. “Ele expressa um pouco o lugar da mobilidade social. Era um homem preto e, ainda naquela época, frequentou a Escola de Medicina em Coimbra, como a grande maioria dos fundadores do Império do Brasil pós-independência”, contou Nader.
Gizlene Nader
Destacando que Montezuma foi senador, político, líder maçom, entre outras qualificações, a palestrante afirmou que é preciso compreender a posição de um homem negro como ele no século XIX. “Aquela época afirmava uma outra colonialidade que, junto ao pensamento científico, produziu a desqualificação moral e construiu o conceito de raça – e levamos mais de um século para entender que não existe raça. Não é como se não existisse racismo no período de Montezuma, mas ele podia ser senador”, ponderou.
Bernardo Cabral
Elogiando Nader por compartilhar mais olhares sobre a história do fundador do IAB com os membros da entidade, Bernardo Cabral disse que as colocações da pesquisadora marcaram o Instituto. Ele também elogiou a edição especial da publicação lançada pela instituição: “Essa revista tem uma audiência marcada com a posteridade porque tem grandes autores. Quando pisamos em Roma, pisamos na História; quando pisamos no IAB, conhecemos a História”.